Leishmaniose – Um problema de todos

Cada região do mundo guarda facilidades e dificuldades diferentes para se viver. No caso dos países tropicais, com maior incidência de luz do sol, climas mais agradáveis e maior índice de umidade, costumam ser locais considerados paradisíacos por muitas pessoas, especialmente por turistas vindos de regiões de clima mais temperado, seco e frio. Contudo, para quem vive nessas regiões tropicais, nem sempre a sensação é de que moram no céu, já que a soma do calor e umidade pode passar, por vezes, a sensação do exato oposto. E por falar em calor e umidade, tais características climáticas, além de afetarem os costumes, vestimentas e rotina dos indivíduos, também propiciam condições ótimas para o desenvolvimento de mosquitos transmissores de doenças, que dependem de focos de água parada e/ou solo umedecido para se reproduzir, e é precisamente aqui que entramos no tema central desse texto: a disseminação da Leishmaniose, a doença do mosquito-palha, e porquê pouco se fala desse grave problema.

Foto: Josué Damacena/Instituto Oswaldo Cruz

Resumidamente, a leishmaniose é uma zoonose – portanto, uma doença que pode infectar cães e humanos, sendo rara em gatos – provocada por um protozoário transmitido por insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) conhecidos cientificamente como flebótomos. Esses insetos medem de 2 a 3mm de comprimento, possuem cor amarelada ou acinzentada, tendo sua principal diferença para mosquitos como o Aedes Aegypti (o mosquito da dengue), a sua forma de reprodução, que não depende de água parada, pois o seu ciclo larval ocorre na terra úmida. Seus nomes variam de acordo com a localidade; os mais comuns são: mosquito-palha, tatuquira, birigüi, asa branca e palhinha.

Existem dois tipos de leishmaniose

  • Leishmaniose visceral, cujos sintomas são: crescimento exagerado de unhas; febre irregular prolongada; anemia; indisposição; palidez das mucosas; falta de apetite; perda de peso; inchaço do abdômen devido ao aumento do fígado/baço, podendo levar a morte.
  • Leishmaniose cutânea, quando os sintomas se manifestam sobre a pele, como a formação de feridas recobertas por crostas ou secreção purulenta. A doença também pode se manifestar como lesões inflamatórias, crescimento exagerado de unhas e sangramento nasal.

Como podem ver, trata-se de uma doença séria que, infelizmente, tem apresentado um alto grau de crescimento na região.

Como é uma doença que não tem cura, é recomendado a prevenção através de vacina e uso de repelentes, sendo necessário, no entanto, um exame de sorologia negativa pré esquema vacinal.

Caso tenha sorologia positiva, deve ser feita uma investigação mais a fundo, com demais exames para verificar a presença da doença. Existe tratamento, porém, não é 100% eficaz, pois não elimina totalmente a presença dos protozoários, mas diminui sua concentração, podendo reduzir os sintomas da doença temporariamente, tem alto custo e necessita de exames controles periódicos, havendo risco de infecção para humanos durante o período do tratamento.

Hoje em dia, ainda é recomendado pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) a eutanásia, nos casos positivos.

Resta a nós, profissionais da medicina veterinária, fazermos a nossa parte alertando e informando as pessoas desse grave problema.

Fontes

Fundação Nacional de Saúde. O que são leishmanioses? (Folder impresso)
Fundação Oswaldo Cruz. Glossário de doenças
Ministério da Saúde. Saúde de A a Z

Site: https://www.livredapicada.com.br/
Site: https://www.paho.org/pt/noticias/28-1-2022-doencas-tropicais-negligenciadas-opas-pede-fim-dos-atrasos-no-tratamento-nas

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Leishmaniose Visceral: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/leishmaniose-visceral>. Acesso em 30 mai 2019

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